17/12/2019

O presidente da Câmara do Porto acaba de revelar esta noite, em sessão extraordinária da Assembleia Municipal, que a grande requalificação do Bairro do Cerco será feita sem a demolição de nenhum dos blocos. A garantia foi hoje dada à população, numa reunião que decorreu na Escola Básica e Secundária do Cerco.


Havia a previsão de que, fruto da grande reabilitação em curso no Cerco, alguns edifícios poderiam vir a ser demolidos para a construção de novas vias e de alargamento do espaço verde dentro do bairro. E a dúvida tinha-se instalado e crescido entre os moradores do Bairro do Cerco, que questionavam se a Câmara do Porto iria ou não avançar com a medida.

Pediram frontalmente a Rui Moreira que não o permitisse, na reunião que teve lugar ao final da tarde desta segunda-feira, num auditório a que acorreram em peso, também para questionar e ouvir em detalhe todas as intervenções programadas para os edifícios onde habitam, apresentadas pelo vereador da Habitação e Coesão Social, Fernando Paulo, que preside à empresa municipal Domus Social, o vice-presidente da administração da empresa, Barbosa Pinto, e a administradora, Filipa Melo, bem como o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos.

O autarca confirmou que "nenhum bloco vai ser demolido" e transmitiu-o esta noite, também, à Assembleia Municipal, a propósito do debate sobre a aquisição de um imóvel em frente ao Jardim da Cordoaria através do exercício do direito de preferência.

O PSD votou contra a medida, aprovada por maioria, e Rui Moreira indignou-se com o facto de o deputado municipal Francisco Carrapatoso ter referido que o presidente da Câmara do Porto estar a comportar-se "como um verdadeiro player do mercado imobiliário".

"Bem sem que não devia dizer isto, ainda mais agora, mas os senhores deviam ter vergonha da vossa visão passadista e pessimista. No tempo do Dr. Rui Rio foram vendidos a preço de saldo dezenas de prédios municipais. Venderam a desconto habitação que hoje faz falta", acusou o autarca, informando, a propósito que, horas antes, tinha garantido aos moradores do Bairro do Cerco, "que a previsão de algumas demolições para alargar o espaço público" não vai acontecer.

Grande reabilitação do Bairro do Cerco corresponde a investimento municipal na ordem dos 13 milhões de euros

A reunião desta tarde serviu para apresentar e debater as intervenções nos blocos 5, 6, 9, 13, 21, 24, 26 e 30. A decisão passa por reabilitar e não demolir estes oito blocos, que se encontram bastante degradados, conforme chegou a ser colocada a hipótese no mandato anterior, tendo sido a mesma do manifesto agrado dos moradores presentes no encontro.

A intervenção será global e inclui coberturas; fachadas; caixilharias, acessos comuns; infraestruturas hidráulicas; instalações elétricas e instalações mecânicas. Prevê-se que inicie no segundo semestre de 2020. A seguir à reabilitação e beneficiação do edificado será intervencionado o espaço público

Por seu turno, as obras nos blocos 31 e 32 têm data prevista de conclusão para julho de 2020; os blocos 1, 2 e 3, em março de 2021 e para setembro de 2021, prevê-se o fim das obras nos blocos 7, 8, 10, 16, 17, 19 e 20. Esta segunda fase das obras de grande requalificação do Cerco, apresentada em outubro, está orçada em mais de seis milhões de euros.

Além de beneficiar coberturas, fachadas e empenas, a intervenção incidirá sobre vãos e caixilharias, incluindo a substituição integral das caixilharias e das portas de entrada, bem como sobre outros aspetos das zonas comuns, como a colocação de corrimão nas paredes das caixas de escadas, a aplicação de revestimentos e a criação de zona protegida nas entradas.

A empreitada vai igualmente contribuir para melhorar a qualidade de vida interior de cada uma das 272 habitações por via da instalação de ventiladores para renovação de ar em casas de banho, do ventilador coletivo para extração das cozinhas, de vidros duplos e de grelhas de ventilação permanente dos fogos nos vãos exteriores., entre outras.

As obras nestes três lotes contemplam, por fim, a substituição do sistema de drenagem de águas pluviais, a substituição das colunas montantes de abastecimento de água, infraestruturas elétricas e de telecomunicações e a pré-instalação da rede de gás canalizado.

A grande reabilitação do Bairro do Cerco iniciou em 2018 e, desde o início, têm sido promovidas reuniões regulares com os inquilinos municipais, com o objetivo de lhes dar conhecimento sobre as diferentes fases da obra, procurando ainda esclarecê-los quanto a todas as questões e dúvidas levantadas.

O investimento municipal ronda os 13 milhões de euros, em conjunto com diversas atividades culturais e sociais que têm sido dinamizadas, como por exemplo no contexto do AIIA - Abordagem para a Integração Ativa e do Contrato Local de Segurança, fundamental para a promoção e envolvimento dos moradores deste bairro.

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